segunda-feira, 28 de março de 2011

CONSELHOS DE UMA PSICÓLOGA PARA TERAPEUTAS INICIANTES


EM ALGUNS ANOS DE CLÍNICA APRENDEMOS MUITO SOBRE O TRATO COM O PACIENTE.  EMBORA EXISTAM DIVERSAS TÉCNICAS E LINHAS DE PSICOTERAPIA, ALGUMAS POSTURAS DO TERAPEUTA SÃO FUNDAMENTAIS PARA QUE O TRATAMENTO SEJA LEVADO ADIANTE.
    REGRA 1 – OUÇA, OUÇA, OUÇA.OUÇA E OUÇA DE NOVO. COLOQUE-SE NO LUGAR SE SEU PACIENTE. COMO VOCÊ IRIA SE SENTIR SE EM MENOS DE 5 MINUTOS DE RELATO (ESPECIALMENTE NAS PRIMEIRAS SESSÕES) SEU TERAPEUTA INVADISSE TUA FALA , CONSTRUINDO PRECOCEMENTE TEORIAS A TEU RESPEITO, QUERENDO IMPÔ-LAS A QUALQUER CUSTO? PSICÓLOGOS NÃO SÃO ADVINHAS. POR MAIS QUE A PRÁTICA TORNE MAIS FÁCIL IDENTIFICAR DINÂMICAS OU PADRÕES DE COMPORTAMENTO, É FUNDAMENTAL OUVIR E COLETAR DADOS SUFICIENTES PARA AS HIPÓTESES TRAÇADAS. OBSERVE E ACOLHA SEU PACIENTE. ELE, MAIS DO QUE NINGUÉM SENTE E SABE DE SUAS DORES  E IMPASSES. OUÇA, DEMONSTRANDO COMPREENSÃO. O PACIENTE QUE NÃO SE SENTE COMPREENDIDO E ACOLHIDO PROVAVELMENTE INTERROMPERÁ A TERAPIA.
    REGRA 2 – TATO.  O SETTING TERAPEUTICO NÃO É LOCAL DE PRÁTICAS DE SADISMO DO TERAPEUTA. SE VOCÊ SENTE UM PRAZER ESPECIAL  EM DESESTABILIZAR O PACIENTE, ACREDITANDO QUE ISTO É TERAPIA, TALVEZ SEJA MELHOR VOCÊ DEVOLVER TEU REGISTRO  E  MUDAR DE PROFISSÃO. PESSOAS VÃO PROCURAR PSICOTERAPIA PORQUE  ESTÃO EM SOFRIMENTO OU PORQUE QUEREM “SE CONHECER”. NINGUÉM BUSCA UM TERAPEUTA PARA “LEVAR PATADA”, SER TRATADO COM ASPEREZA E ARROGÂNCIA. QUESTIONO MUITO CERTAS PRÁTICAS E CERTOS TERAPEUTAS QUE SE JULGAM VERDADEIRAS ESTRELAS POR APLICAREM SUA “COICETERAPIA”. EXISTEM DIVERSAS MANEIRAS DE APONTAR QUESTÕES IMPORTANTES, SEM QUE O PACIENTE  SAIA ARRASADO E COM “TRAUMA” DE PSICÓLOGO.
     REGRA 3 – TRANSFERÊNCIA E CONTRATRANSFERÊNCIA SÃO FENÔMENOS REAIS E ACONTECEM TANTO NO SETTING TERAPÊUTICO QUANTO NO COTIDIANO DE QUALQUER UM. INDEPENDENTE DA “LINHA” QUE VOCÊ SIGA, ESTEJA ATENTO PRINCIPALMENTE AOS SENTIMENTOS QUE O PACIENTE DESPERTA EM VOCÊ.  CASO SEJA NECESSÁRIO, FAÇA SUPERVISÃO, PARA CONSEGUIR LIDAR COM SENTIMENTOS NEGATIVOS OU EXAGERADAMENTE IDENTIFICATÓRIOS.  SE JULGAR CONVENIENTE, INDIQUE UM COLEGA PARA DAR CONTINUIDADE AO PROCESSO. É BOM PARA TODOS.
A SEGUIR TRECHOS DE SESSÕES QUE SERVEM DE LIÇÃO SOBRE O QUE NÃO FAZER .TODOS OS NOMES SÃO FICTÍCIOS.
    CASO   A- “ PATRÍCIA” , 40 ANOS, ESTÁ MAGOADA E EM CRISE NO CASAMENTO. INSEGURA, REVELA AO TERAPEUTA QUE PEGOU O MARIDO EM SITES DE PROSTITUTAS E DE RELACIONAMENTOS EXTRACONJUGAIS. O SEXO ENTRE ELES É RUIM. O MARIDO SEMPRE ESTÁ CANSADO E DIFICILMENTE TEM EREÇÃO. CONTA, AINDA, QUE VIU O MARIDO TECLAR COM “RITINHA”, GAROTA DE PROGRAMA QUE FAZIA STREAP PELA CAM. APÓS A QUEIXA, O PSICÓLOGO SOLTA A “PÉROLA”: VOCÊ QUERIA SER A RITINHA?  (ESBOÇANDO UM SORRISO IRÔNICO,  CONFORME RELATO).
OBSERVEM A ATITUDE DESTE PROFISSIONAL. ELE FOI COMPLETAMENTE MACHISTA, RIDICULARIZOU A PACIENTE E COLOCOU-SE NUMA POSIÇÃO DE IDENTIFICAÇÃO COM O MARIDO,  SINALIZANDO QUE A PACIENTE ESTAVA COM INVEJA DA PROSTITUTA.  O QUE ESTE COMENTÁRIO COMPLETAMENTE INADEQUADO PRETENDIA EVOCAR NA PACIENTE? UM TERAPEUTA OPOSTO DE RECEPTIVO E ACOLHEDOR.
    CASO B – “FÁTIMA”, 32 ANOS, ESTÁ EM CRISE. TEM DIFICULDADE DE ENCONTRAR UM BOM RELACIONAMENTO, SENTE-SE PRESSIONADA A CASAR,  TEME FICAR SOZINHA E SOLTEIRA. APÓS A QUEIXA, O TERAPEUTA DIZ: “ PUXA, LINDINHA, EU ENTENDO VOCÊ. MULHERES DA SUA IDADE ESTÃO SOZINHAS MESMO OU ENTÃO SAEM COM HOMEM CASADO. VOCÊ SAI COM HOMEM CASADO?TENHO PACIENTES COMO VOCÊ QUE SÓ SAEM COM HOMEM CASADO”. COMO SE ISSO NÃO BASTASSE O TERAPEUTA COMEÇOU A CONTAR A PRÓPRIA VIDA, ATENDENDO CELULAR NA SESSÃO, FALANDO DE SEUS FILHOS, CÔNJUGE E AFINS.  CONVIDO VOCÊS, TERAPEUTAS, A ENUMERAREM QUANTAS ATITUDES, PALAVRAS E INTERVENÇÕES INADEQUADAS ESTÃO CONDENSADAS NESTAS  PALAVRAS:
    ERRO 1- NÃO INVENTE APELIDOS PRECOCES PARA SEUS PACIENTES. “FOFINHA”, “LINDINHA”, PODEM SER INTERPRETADOS DE FORMA DIFERENTE DA ESPERADA. O PACIENTE PODE SE SENTIR RIDICULARIZADO E INFANTILIZADO.
    ERRO 2 – O TERAPEUTA, REFORÇOU A ANSIEDADE TRAZIDA PELA QUEIXA, CONFIRMANDO O PIOR TERROR SENTIDO PELO PACIENTE, AFIRMANDO QUE ERA VERDADE QUE AS PESSOAS DA SUA FAIXA ETÁRIA ESTAVAM SOZINHAS.  AO INVÉS DE MANTER-SE QUIETO, OU NO MÍNIMO, EMITIR PONTUAÇÕES ACOLHEDORAS E REDUTORAS DE ANSIEDADE,  FEZ O OPOSTO.
    ERRO 3 – O TERAPEUTA USURPOU TEMPO DA SESSÃO DO PACIENTE, ATENDENDO CELULAR, FALANDO SOBRE PROBLEMAS DOMÉSTICOS QUE EM NADA INTERESSARIAM A ALGUÉM QUE ESTÁ LÁ PEDINDO AJUDA PROFISSIONAL.
    ERRO 4- JAMAIS FALE DE DETALHES DE OUTROS PACIENTES. É QUEBRA DE SIGILO, FALTA DE ÉTICA E NESTA SITUAÇÃO FICOU MAIS INADEQUADO AINDA.

     LIDAR COM SENTIMENTOS HUMANOS É UMA DÁDIVA PRECIOSA. TODOS OS TERAPEUTAS ESTÃO SUJEITOS A ERROS, NATURALMENTE. PORÉM,  LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO AS REGRAS APRESENTADAS,  DIMINUEM AS CHANCES DE “CONSEQUÊNCIAS DESASTROSAS” E DA PERDA DE PACIENTES. 
    BOA SORTE PARA TODOS VOCÊS

sexta-feira, 11 de março de 2011

Como ter atitudes compreensivas

Muitas pessoas, ao verem seus amigos e familiares em situações de conflitos ou estresse, não sabem muito bem o que dizer para demonstrar apoio emocional e acabam piorando a situação... Veja algumas dicas de como fazer isso sem cometer gafes que acabam tendo o efeito contrário.
1) Um amigo (a) teu começa a chorar.
O que fazer:
* Caso se sinta confortável, abrace-o e deixe-o chorar por uns instantes. Tenha uma atitude acolhedora até que ele se sinta mais calmo.

* NUNCA DIGA: "Pára de chorar!" ;" Não chore!"; " Não precisa chorar" - Essas frases são péssimas e fazem a pessoa se sentir incompreendida e que o outro não está tendo paciência para ouvi-la.
2) Um amigo está te contando um algum tipo de situação que o aborreceu ( Ex. Brigas de namorados, "fracassos" numa entrevista de emprego, etc...)
O que fazer:
* Ouça em silêncio e dê sua opinião, se solicitada, evitando generalizações que não acrescentem em nada e só contribuem para que a pessoa fique com mais raiva.
* Evite frases do tipo: "O ser humano é assim mesmo"; "Homem não presta"; "Mulher é tudo igual"; " A vida é assim"; " Depois passa"...
3) Procure ter tato caso queira apontar algum erro do amigo E faça isso, de preferência fora dos momentos onde as emoções estão mais afloradas;
4) Aprenda a reconhecer os períodos de "crise pessoal" ( ou seja, períodos que o amigo fica confuso, um pouco isolado, "nervoso") e as tuas próprias também. Procure não cobrar de ninguém algo que naquele momento a pessoa não pode te dar. Quando a crise passar, a própria pessoa retornará ao seu equilíbrio anterior. Esteja aberto ao diálogo.
5) Se as crises durarem muito tempo, ajude o amigo, procurando profissionais especializados - médicos, psicólogos, entre outros.

Você sabe abraçar as oportunidades da vida?


Muitas pessoas se queixam de não ter sorte, de que sua vida nunca muda, entre outras coisas. Mas, será que isso é verdade?
            Quem assistiu  “O fabuloso destino de Amelie Poulain”( Jean-Pierre Jeunet,2001) certamente lembrará a cena em que um dos vizinhos de Amelie lhe diz que “certas oportunidades são como  o “tour de France”. Ela passa, e , se você não se lança, vai embora”... Aproveitando essa comparação para nosso contexto no Brasil, diria que as oportunidades são vários ônibus, passando incessantemente numa grande avenida, para vários destinos. Cada um de nós está num ponto desta avenida. Muitos entram nos ônibus, outros os deixam passar.
            Afinal, como reconhecer oportunidades? Vamos a exemplos simples.
            Certa vez, soube da estória de um rapaz absolutamente talentoso, que desenhava muito bem. Ele ainda estava no ensino médio e foi convidado para estagiar numa das maiores produtoras de quadrinhos do Brasil. Ou seja, o “ônibus” parou no seu ponto. Só bastava ele entrar. Porém, sabe o que aconteceu? Ele simplesmente não quis porque “era muito longe” e para se deslocar até o estúdio, precisaria pegar duas conduções. Pasmem! Acredito que, se este rapaz tivesse aproveitado esta oportunidade, estaria hoje com um ótimo emprego, fazendo o que gosta, numa situação econômica muito melhor. Outro exemplo: imagine que você está num consultório médico. Lá, uma pessoa muito interessante puxa conversa e vocês sentem bastante simpatia um pelo outro. Em seguida, um de vocês é chamado para a consulta. Vocês podem rapidamente trocar emails, telefone ou simplesmente dizer “tchau”. Para alguns pode parecer óbvio fazer isso, mas muitos deixariam esta chance passar. Pense agora, o que você faria, se fosse convidado para ir numa festa onde conhece uma ou duas pessoas apenas. Alguns diriam “ eu não vou porque não conheço ninguém”. Este é um caso típico de desperdício de oportunidade. Não conhece agora, mas fica conhecendo na hora! Poderia encontrar pessoas interessantes, amigos, contatos profissionais...
            Além das que “aparecem”, existe ainda a possibilidade de cada um criar oportunidades. Como fazer isso? Um exemplo básico: você pode mandar um currículo para um lugar que gostaria de trabalhar, não importa se não há vagas no momento. Pode organizar um encontro de amigos em sua casa. É só usar sua criatividade.
Finalmente, sair, relacionar-se, é solo fértil para se obter ou criar oportunidades. Não fique parado no ponto, não deixe as oportunidades irem embora. Embarque em quantos ônibus precisar e viva a grande aventura da vida!

Como tornar-se presente na vida de seu filho


Com a atribulada rotina, muitos pais não acompanham o desenvolvimento de seus filhos, ou o fazem de forma precária. É comum oferecerem brinquedos, presentes ou manterem a criança entretida com televisão, filmes, vídeo-game ou computador.
            Esse contexto pode ter diversas consequências, podendo incluir desde comportamentos para chamar a atenção até complicações mais sérias.
            Uma criança precisa sentir-se olhada, valorizada. Necessita ser orientada em seus conflitos e conquistas. É fundamental que os pais exerçam esse papel de porto seguro para que os filhos possam crescer com tranqüilidade.
            Estar presente na vida do seu filho é conversar com ele. Ouvir sobre seu dia-a-dia na escola, o que aprendeu, com quem brincou, brigou, conheceu. Elogiar um trabalho bem feito. Participar do desenvolvimento do seu filho é brincar com ele no seu tempo livre e desfrutar da sensação de relaxamento e alegria que isso proporciona. Andar de bicicleta, fazer bolha dentro da água, jogar, ensinar a perder ou ganhar, mas o mais importante: se relacionar. Vestir-se de Papai Noel enquanto ele acredita ou mesmo depois... É, quando adolescente, levá-lo somente até a esquina da festa, para ser visto sem a “humilhante” presença dos pais, permitindo-lhe a ilusão de independência, necessária para a construção da verdadeira independência.
            Finalmente, se você encontrar inspiração, pode escrever um diário para seu filho, relatando seus próprios sentimentos e pensamentos ao observar cada passo do seu desabrochar. E, quando adulto, ele poderá se emocionar ao dar-se conta do amor e dedicação que envolve o cuidado com uma criança, oferecendo o mesmo para a nova geração neste maravilhoso “ciclo da vida”.

Valores humanos e festas infantis


Há uns anos atrás, tive oportunidade de participar de algumas comemorações de aniversário. As festas aconteceram todas em “Buffets” infantis e as crianças, em sua maioria, eram da mesma sala de aula. A escola, por sua vez, adotava uma filosofia de não exclusão e integração. Portanto, se algum aluno comemorasse seu aniversário, teria que convidar todos da classe.

O que observei nestas festas, ao contrário da proposta inicial, foi a falta de integração das crianças. Fascinadas pelos brinquedos diversos, muitas chegavam e nem cumprimentavam os aniversariantes.  Sem falar na caixa reservada para o depósito dos presentes, parecendo mais um passaporte para as horas de entretenimento. O aniversariante não abriu quase nenhum pacote e quando o fez, foi tempos depois de ser entregue. Por conseqüência não sentiu aquela emoção deste gesto, ou seja, de receber o carinho de um amigo ou conhecido (talvez aí estivesse uma oportunidade para estreitar os laços com os "menos chegados" da classe).

Aprendemos que, aniversário, é uma data especial, ocasião para confraternizar com as pessoas que gostamos e reforçar os laços de amizade. Entretanto, o que ocorreu nestas festas parece ter distorcido este sentido. Parecia mais um evento de lazer que um encontro humano. Impessoal. Não estariam aí alguns valores sendo transmitidos de uma forma oculta? Ou seja: " o outro vale pelo que tem" , “o outro me serve como degrau ou instrumento para um benefício próprio"? Quantas vezes não somos testemunhas de atos na vida adulta que trazem esses pressupostos?

Eis a dúvida: Convidar todos ou apenas aqueles "mais chegados"? Trazer pessoas para casa ou alugar um “Buffet”?

Diante destas escolhas, vale lembrar que as crianças absorvem idéias e sentimentos todo o tempo.  Que tipo de mundo queremos para nós e para elas?

É necessário resgatar o sentido e a importância da amizade e suas formas de celebração, para não transmitirmos, de forma inconsciente, valores que muitas vezes combatemos